Muito se tem escrito sobre limite na educação . Mas o que realmente é isto?
Recentemente uma mãe angustiada entrou em meu consultório, sentou-se à minha frente e começou a falar ininterruptamente sobre o comportamento do seu filho, que naquela semana fazia 15 anos. Segundo ela, a educação dada a seu filho fora pautada em limites, não tinha sido aquele tipo de mãe que dizia SIM para tudo, a ele fora dado limites, dizia ela aos prantos. Aos poucos fui percebendo que, para aquela mãe como para tantas outras, um simples “Não” era sinônimo de limite. Pobre daquela criança, pensei enquanto lembrava da educação recebida pelo meus pais......
Não por coincidência, semanas após encontro-me frente a uma bela “ criança impossível” que os pais assim me encaminharam. Não gosto de rótulos, mas confesso que a primeira vista o rótulo lhe caíra bem. Aos poucos fui notando que, ao contrário daquela mãe que impôs limites a seu filho de forma autoritária, sempre dizendo não , esta criança fora criada no mundo mais “moderno”, num mundo altamente influenciado pela mídia onde tudo pode, no mundo do SIM, digamos assim.
No final de semana em minha casa, lendo fichas de alguns pacientes, crianças ou adultos, consegui relacionar problemas de insegurança, agressividade, impaciência, insatisfação com a vida , depressão e problemas de comportamento à falta de limites que estas pessoas tiveram ou estão tendo em sua vida.
Nem tanto ao céu , nem tanto a terra, pensei. Em outras palavras, tanto o excesso de limite quanto a falta dele pode ser prejudicial na formação do indivíduo. Dar liberdade para se discutir os limites é a palavra chave na formação de um indivíduo. Quero dizer com isto que se uma criança não recebe limites de forma clara, sem orientação do porque e para o que pode ou não fazer, não está sendo educada. Limites não devem ser postos como cercas limitadoras na vida das pessoas, e sim como linhas tênues que uma vez ultrapassadas trarão conseqüências.
Ë preciso então que pais e educadores não entendam limites como uma ferramenta que lhes dê garantias de que serão cegamente obedecidos e sim, que o mesmo seja um recurso usado na formação que torne a criança um ser digno, feliz e respeitado.
Adriana Rosado
Psicólogia, Psicomotricidade e Neuropsicologia
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